"Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar.
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar..."
"... Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre." - Clarice Lispector
janeiro 29, 2011
janeiro 19, 2011
Manuel Bandeira
Comecei ontem a ler uma seleção de poemas de Manuel Bandeira, embora ler seus poemas sempre me cause um pouco de tristeza. Desde que conheci a história do poeta, no primeiro semestre da faculdade, comecei a entender melhor os seus poemas e sempre penso como seria passar a vida interia esperando a morte, mas se não fosse isso, talvez a sua obra não fosse tão intensa.
Esse abaixo, é o poema que abre o livro que estou lendo e acho que reflete muito o que é a poesia de Manuel Bandeira.
Esse abaixo, é o poema que abre o livro que estou lendo e acho que reflete muito o que é a poesia de Manuel Bandeira.
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto
Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.
E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca
Eu faço versos como quem morre.
janeiro 16, 2011
Dica de filme
Quem gosta de filmes nacionais ( que infelizmente não são muitas pessoas, há um grande preconceito em cima do cinema nacional) não pode deixar de ver "O Bem Amado", eu assisti essa semana e amei.
Adaptação da obra de Dias Gomes, dirigido por Guel Arraes, O bem amando é uma sátira sobre a política brasileira. Além de ilário, o filme conta com um elenco de cair o queixo, Marco Nanini, José Wilker, Tonico Pereira, Matheus Nachtergaele, Andréa Beltrão, Drica Moraes, Zezé Polessa, entre outros grandes nomes da televisão e do cinema brasileiro.
Fica aí a dica, que ainda não assistiu, assista, vale a pena.
janeiro 14, 2011
Dica de livro
Ótimo livro para ler nas férias, "Os cem melhores contos brasileiros do século" é uma seleção de contos feita por Italo Moriconi, que reúne autores como : Machado de Assis, Graciliano Ramos, Rubem Fonseca, Lima Barreto, Fernando Sabino, Luis Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Clarice Lispector, Sérgio Faraco, entre muitos outros grandes contistas da literatura brasileira. O livro é dividido em décadas, e segue uma sequência cronológica de 1900 aos anos 90. Amei o livro, ainda estou terminando de ler mas recomendo a todos.
Ferreira Gullar
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
_ que é uma questão
de vida ou morte _
será arte?
Parabéns Nanda
Hoje é aniversário de uma amiga muito querida, Fernanda, a minha Bageense favorita...
Nanda, tudo de bom, muita sorte e felicidade.
janeiro 13, 2011
Carlos Drummond Andrade
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Os parceiros
Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê?Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro...eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!
Mario Quintana
Mario Quintana
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar:
Um estribilho antigo...
Um carinho no momento preciso...
O folhear de um livro de poemas...
O cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Assinar:
Postagens (Atom)